terça-feira, 16 de novembro de 2010

FILOSOFIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
Buscando a verdade

Dogmatismo e busca da verdade

Quando prestamos atenção em Sócrates ou Descartes, notamos que ambos, por motivos diferentes e usando procedimentos diferentes, fazem uma mesma coisa, isto é, desconfiam das opiniões e crenças estabelecidas em suas sociedades, mas também desconfiam das suas próprias idéias e opiniões. Do que desconfiam eles, afinal? Desconfiam do dogmatismo.

O que é dogmatismo?

Dogmatismo é uma atitude muito natural e muito espontânea que temos, desde muito crianças. É nossa crença de que o mundo existe e que é exatamente tal como o percebemos. Temos essa crença porque somos seres práticos, isto é, nos relacionamos com a realidade como um conjunto de coisas, fatos e pessoas que são úteis ou inúteis para nossa sobrevivência.
Os seres humanos, porque são seres culturais, trabalham. O trabalho é uma ação pela qual modificamos as coisas e a realidade de modo a conseguir nossa preservação na existência. Constroem casas, fabricam vestuário e utensílios, produzem objetos técnicos e de consumo, inventam meios de transporte, de comunicação e de informação. Através da prática ou do trabalho e da técnica, os seres humanos organizam-se social e politicamente, criam instituições sociais (família, escola, agricultura, comércio, indústria, relações entre grupos e classes, etc.) e instituições políticas (o Estado, o poder executivo, legislativo e judiciário, as forças militares profissionais, os tribunais e as leis).
Essas práticas só são possíveis porque acreditamos que o mundo existe, que é tal como o percebemos e tal como nos ensinaram que ele é, que pode ser modificado ou conservado por nós, que é explicado pelas religiões e pelas ciências, que é representado pelas artes. Acreditamos que os outros seres humanos também são racionais, pois, graças à linguagem, trocamos idéias e opiniões, pensamos de modo muito parecido e a escola e os meios de comunicação garantem a manutenção dessas semelhanças.
Na atitude dogmática, tomamos o mundo como já dado, já feito, já pensado, já transformado. A realidade natural, social, política e cultural forma uma espécie de moldura de um quadro em cujo interior nos instalamos e onde existimos.
Mesmo quando acontece algo excepcional ou extraordinário (uma catástrofe, o aparecimento de um objeto inteiramente novo e desconhecido), nossa tendência natural e dogmática é a de reduzir o excepcional e o extraordinário aos padrões do que já conhecemos e já sabemos. Mesmo quando descobrimos que alguma coisa é diferente do que havíamos suposto, essa descoberta não abala nossa crença e nossa confiança na realidade, nem nossa familiaridade com ela.
O mundo é como a novela de televisão: muita coisa acontece, mas, afinal, nada acontece, pois quando a novela termina, os bons foram recompensados, os maus foram punidos, os pobres bons ficaram ricos, os ricos maus ficaram pobres, a mocinha casou com o mocinho certo, a família boa se refez e a família má se desfez. Em outras palavras, os acontecimentos da novela servem apenas para confirmar e reforçar o que já sabíamos e o que já esperávamos. Tudo se mantém numa atmosfera ou num clima de familiaridade, de segurança e sossego.
Na atitude dogmática ou natural, aceitamos sem nenhum problema que há uma realidade exterior a nós e que, embora externa e diferente de nós, pode ser conhecida e tecnicamente transformada por nós. Achamos que o espaço existe, que nele as coisas estão como num receptáculo; achamos que o tempo também existe e que nele as coisas e nós próprios estamos submetidos à sucessão dos instantes.

Bibliografia:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SOCIOLOGIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
Economia agrícola
Comida, roupa e abrigo são as três palavras que melhor resumem a essência da atividade econômica no mundo. Diante disto, vamos fazer uma breve análise de uma das atividades econômicas do nosso tempo considerada mais importante.

AGRICULTURA:
O primeiro movimento em direção do homem à sua sustentação começou a mais ou menos cerca de 8.000 anos a. C. Nesse período havia o que chamamos atualmente de nomadismo, que eram pessoas que se deslocavam pelo território em busca de alimentos. Se em algum local havia peixe, frutas ou animais em quantidade superior às necessidades humanas imediatas, aquele agrupamento humano ficava ali até o esgotamento dos alimentos. Com o passar do tempo o homem conseguiu domesticar os animais e a criar técnicas de cultivos que ajudaria a mantê-lo no mesmo local por mais tempo.
A partir do domínio dessas técnicas o homem começou a fixar moradia, formou cidades e graças ao desenvolvimento de recursos e tecnologias para o plantio, o homem conseguiu estocar comida e conseguiu aos poucos se resguardar em relação às escassez de alimentos, permitindo assim, o crescimento da população.
É evidente que o domínio da técnica provocou nas relações humanas uma modernização do campo e conseqüentemente uma maior especialização do trabalho na agricultura. Contudo, é importante ressaltar que não foram todos que conseguiram desenvolver os mesmos domínios sobre a agricultura e o plantio. Tiveram povos que dominaram mais determinadas técnicas que outros. E, houveram aqueles que por motivos outros tiveram que retroceder, seja por terem sidos expulsos das suas terras por conta de batalhas, foram dominados, que não tiveram condições de criar tecnologias para seu desenvolvimento, entre outros.
No Brasil, em particular houveram diversas iniciativas para modificar a situação social do país em que tange a agricultura. Fazer reforma agrária, isto é, repartir grandes propriedades de terras e distribuir pedaços a quem não tem é um dos principais objetivos de alguns movimentos sociais como o MST (movimento dos sem-terra), por exemplo.
Contudo, essa história de reforma agrária começou na década de 1950, sob a liderança do advogado Francisco Julião, que tinha como princípio, a reforma agrária. Porém, com o advento do governo militar no Brasil na década de 60, mais precisamente em 1964, as ligas camponesas que existiam em 13 estados da confederação foram perseguidas e suas lideranças políticas foram expulsas do país.
Como iniciativa de resolver o problema da terra no país, os militares durante o regime criaram o chamado Estatuto da terra, que tinha como objetivo criar uma classe média moderna e proprietária de lotes adequados ao seu sustento familiar. Contudo, essa iniciativa nunca passou do papel.
Com a redemocratização do país, começou na década de 80 surgir pequenos movimentos de ocupação de fazendas por parte de trabalhadores sem terras. O retorno desse movimento pela luta ao direito à terra, começou graças à iniciativa de uma corrente dentro da igreja católica chamada de teologia da libertação e de pessoas ligadas aos partidos de esquerda do país que começaram a debater no plenário da câmara dos deputados e no senado a importância da reforma agrária no país.
Mesmo diante deste movimento já ser publicamente reconhecido como uma ação popular que luta pelo seu direito à terra, o MST ainda não conseguiu se desenvolver como os seus militantes gostariam, pois como é sabido, a reforma agrária ainda tramita na câmara dos deputados e do senado de forma muito lenta.

Bibliografia:
Guizzo, João. Introdução à Sociologia. Ed. Companhia Nacional, 2009.
Adaptação de texto Luciano Tavares Torres.


Parte II
Um mundo de subnutridos e obesos


O uso de cereais para a produção de combustível tem sido tema das mais acirradas discussões neste mês. De um lado, especialistas que condenam o seu uso, dizendo que é comida que está sendo desviada para a produção de biocombustível, o que vai ampliar a fome no mundo. De outro, e aqui está o Brasil, dizendo que os biocombustíveis são o futuro e que, pelo menos no caso brasileiro, não há desvio de alimentos para a sua produção.
Quem tem razão? Os dois lados estão certos. Se tomarmos os Estados Unidos e a Europa temos, sim, o desvio de alimentos para a produção de biocombustível. É o caso do milho nos Estados Unidos e a beterraba na Europa. Os dois são componentes importantes da dieta alimentar nas regiões, com a beterraba sendo usada, inclusive, para a produção de açúcar. No caso do Brasil o principal ingrediente é a cana, que se produz o açúcar, também produz o álcool.
O problema, na verdade, vai bem além dos combustíveis e insere-se em uma disputa política, já que os biocombustíveis, como hoje estão sendo desenvolvidos, deixam de fora do jogo muitos dos grandes jogadores que usam o petróleo, a começar pelas grandes petrolíferas e afeta as economias de ponta, que se podem substituir um por outro combustível, troca uma dependência pela outra.
Há, no fundo, um outro ângulo e este é o que importa. Hoje, convivem no espaço global quase um bilhão de famintos com mais de 1 bilhão de obesos. E a distância entre os dois está aumentando, com a população obesa aumentando e a de famintos ficando estável, o que revela que o consumo – e o desperdício – domina os países mais desenvolvidos, chamados de primeiro mundo, e o desenvolvimento, pelo menos no que se relaciona à comida, não chega aos outros espaços do planeta.
O problema não é o da falta de alimentos. O que é produzido, se bem distribuído, seria suficiente para aplacar a fome do planeta. Mas não é. Um exemplo emblemático é o próprio Brasil, hoje um dos maiores produtores agrícolas do mundo, que vende anualmente bilhões em produtos do setor para o mundo, mas que também tem alguns milhões de pessoas passando fome. Em áreas como a África a questão é dramática.
Enquanto isso, nos Estados Unidos e Europa há desperdício. Juntando os lados – desperdício com o uso de alimentos para a produção de combustíveis – talvez estejamos caminhando para um mundo de escassez. E isso já começou com a alta de preços de vários alimentos, com a última manifestação por conta do arroz, alimento básico, inclusive no Brasil.
Com a comida mais cara a tendência é de que o fosso aumente. E que tenhamos, de um lado, mais obesos. E do outro, um número maior de famintos. E isso tende a acontecer mesmo que os alimentos não sejam usados para a produção de combustíveis. Se o forem, o risco fica ainda maior.

Referência bibliográfica:
http://linoresende.jor.br/um-mudo-de-subnutridos-e-obesos