quinta-feira, 17 de março de 2011

Feliz 2011!!!

Salve!!!a


Vamos começar novamente nosso ciclo de provas? Estão dispostos a ler mais um texto de filosofia e outro de sociologia? Que bom... tinha certeza que estavam ansiosos par ler os textos.

Abraços, Luciano.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

FILOSOFIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
Buscando a verdade

Dogmatismo e busca da verdade

Quando prestamos atenção em Sócrates ou Descartes, notamos que ambos, por motivos diferentes e usando procedimentos diferentes, fazem uma mesma coisa, isto é, desconfiam das opiniões e crenças estabelecidas em suas sociedades, mas também desconfiam das suas próprias idéias e opiniões. Do que desconfiam eles, afinal? Desconfiam do dogmatismo.

O que é dogmatismo?

Dogmatismo é uma atitude muito natural e muito espontânea que temos, desde muito crianças. É nossa crença de que o mundo existe e que é exatamente tal como o percebemos. Temos essa crença porque somos seres práticos, isto é, nos relacionamos com a realidade como um conjunto de coisas, fatos e pessoas que são úteis ou inúteis para nossa sobrevivência.
Os seres humanos, porque são seres culturais, trabalham. O trabalho é uma ação pela qual modificamos as coisas e a realidade de modo a conseguir nossa preservação na existência. Constroem casas, fabricam vestuário e utensílios, produzem objetos técnicos e de consumo, inventam meios de transporte, de comunicação e de informação. Através da prática ou do trabalho e da técnica, os seres humanos organizam-se social e politicamente, criam instituições sociais (família, escola, agricultura, comércio, indústria, relações entre grupos e classes, etc.) e instituições políticas (o Estado, o poder executivo, legislativo e judiciário, as forças militares profissionais, os tribunais e as leis).
Essas práticas só são possíveis porque acreditamos que o mundo existe, que é tal como o percebemos e tal como nos ensinaram que ele é, que pode ser modificado ou conservado por nós, que é explicado pelas religiões e pelas ciências, que é representado pelas artes. Acreditamos que os outros seres humanos também são racionais, pois, graças à linguagem, trocamos idéias e opiniões, pensamos de modo muito parecido e a escola e os meios de comunicação garantem a manutenção dessas semelhanças.
Na atitude dogmática, tomamos o mundo como já dado, já feito, já pensado, já transformado. A realidade natural, social, política e cultural forma uma espécie de moldura de um quadro em cujo interior nos instalamos e onde existimos.
Mesmo quando acontece algo excepcional ou extraordinário (uma catástrofe, o aparecimento de um objeto inteiramente novo e desconhecido), nossa tendência natural e dogmática é a de reduzir o excepcional e o extraordinário aos padrões do que já conhecemos e já sabemos. Mesmo quando descobrimos que alguma coisa é diferente do que havíamos suposto, essa descoberta não abala nossa crença e nossa confiança na realidade, nem nossa familiaridade com ela.
O mundo é como a novela de televisão: muita coisa acontece, mas, afinal, nada acontece, pois quando a novela termina, os bons foram recompensados, os maus foram punidos, os pobres bons ficaram ricos, os ricos maus ficaram pobres, a mocinha casou com o mocinho certo, a família boa se refez e a família má se desfez. Em outras palavras, os acontecimentos da novela servem apenas para confirmar e reforçar o que já sabíamos e o que já esperávamos. Tudo se mantém numa atmosfera ou num clima de familiaridade, de segurança e sossego.
Na atitude dogmática ou natural, aceitamos sem nenhum problema que há uma realidade exterior a nós e que, embora externa e diferente de nós, pode ser conhecida e tecnicamente transformada por nós. Achamos que o espaço existe, que nele as coisas estão como num receptáculo; achamos que o tempo também existe e que nele as coisas e nós próprios estamos submetidos à sucessão dos instantes.

Bibliografia:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SOCIOLOGIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
Economia agrícola
Comida, roupa e abrigo são as três palavras que melhor resumem a essência da atividade econômica no mundo. Diante disto, vamos fazer uma breve análise de uma das atividades econômicas do nosso tempo considerada mais importante.

AGRICULTURA:
O primeiro movimento em direção do homem à sua sustentação começou a mais ou menos cerca de 8.000 anos a. C. Nesse período havia o que chamamos atualmente de nomadismo, que eram pessoas que se deslocavam pelo território em busca de alimentos. Se em algum local havia peixe, frutas ou animais em quantidade superior às necessidades humanas imediatas, aquele agrupamento humano ficava ali até o esgotamento dos alimentos. Com o passar do tempo o homem conseguiu domesticar os animais e a criar técnicas de cultivos que ajudaria a mantê-lo no mesmo local por mais tempo.
A partir do domínio dessas técnicas o homem começou a fixar moradia, formou cidades e graças ao desenvolvimento de recursos e tecnologias para o plantio, o homem conseguiu estocar comida e conseguiu aos poucos se resguardar em relação às escassez de alimentos, permitindo assim, o crescimento da população.
É evidente que o domínio da técnica provocou nas relações humanas uma modernização do campo e conseqüentemente uma maior especialização do trabalho na agricultura. Contudo, é importante ressaltar que não foram todos que conseguiram desenvolver os mesmos domínios sobre a agricultura e o plantio. Tiveram povos que dominaram mais determinadas técnicas que outros. E, houveram aqueles que por motivos outros tiveram que retroceder, seja por terem sidos expulsos das suas terras por conta de batalhas, foram dominados, que não tiveram condições de criar tecnologias para seu desenvolvimento, entre outros.
No Brasil, em particular houveram diversas iniciativas para modificar a situação social do país em que tange a agricultura. Fazer reforma agrária, isto é, repartir grandes propriedades de terras e distribuir pedaços a quem não tem é um dos principais objetivos de alguns movimentos sociais como o MST (movimento dos sem-terra), por exemplo.
Contudo, essa história de reforma agrária começou na década de 1950, sob a liderança do advogado Francisco Julião, que tinha como princípio, a reforma agrária. Porém, com o advento do governo militar no Brasil na década de 60, mais precisamente em 1964, as ligas camponesas que existiam em 13 estados da confederação foram perseguidas e suas lideranças políticas foram expulsas do país.
Como iniciativa de resolver o problema da terra no país, os militares durante o regime criaram o chamado Estatuto da terra, que tinha como objetivo criar uma classe média moderna e proprietária de lotes adequados ao seu sustento familiar. Contudo, essa iniciativa nunca passou do papel.
Com a redemocratização do país, começou na década de 80 surgir pequenos movimentos de ocupação de fazendas por parte de trabalhadores sem terras. O retorno desse movimento pela luta ao direito à terra, começou graças à iniciativa de uma corrente dentro da igreja católica chamada de teologia da libertação e de pessoas ligadas aos partidos de esquerda do país que começaram a debater no plenário da câmara dos deputados e no senado a importância da reforma agrária no país.
Mesmo diante deste movimento já ser publicamente reconhecido como uma ação popular que luta pelo seu direito à terra, o MST ainda não conseguiu se desenvolver como os seus militantes gostariam, pois como é sabido, a reforma agrária ainda tramita na câmara dos deputados e do senado de forma muito lenta.

Bibliografia:
Guizzo, João. Introdução à Sociologia. Ed. Companhia Nacional, 2009.
Adaptação de texto Luciano Tavares Torres.


Parte II
Um mundo de subnutridos e obesos


O uso de cereais para a produção de combustível tem sido tema das mais acirradas discussões neste mês. De um lado, especialistas que condenam o seu uso, dizendo que é comida que está sendo desviada para a produção de biocombustível, o que vai ampliar a fome no mundo. De outro, e aqui está o Brasil, dizendo que os biocombustíveis são o futuro e que, pelo menos no caso brasileiro, não há desvio de alimentos para a sua produção.
Quem tem razão? Os dois lados estão certos. Se tomarmos os Estados Unidos e a Europa temos, sim, o desvio de alimentos para a produção de biocombustível. É o caso do milho nos Estados Unidos e a beterraba na Europa. Os dois são componentes importantes da dieta alimentar nas regiões, com a beterraba sendo usada, inclusive, para a produção de açúcar. No caso do Brasil o principal ingrediente é a cana, que se produz o açúcar, também produz o álcool.
O problema, na verdade, vai bem além dos combustíveis e insere-se em uma disputa política, já que os biocombustíveis, como hoje estão sendo desenvolvidos, deixam de fora do jogo muitos dos grandes jogadores que usam o petróleo, a começar pelas grandes petrolíferas e afeta as economias de ponta, que se podem substituir um por outro combustível, troca uma dependência pela outra.
Há, no fundo, um outro ângulo e este é o que importa. Hoje, convivem no espaço global quase um bilhão de famintos com mais de 1 bilhão de obesos. E a distância entre os dois está aumentando, com a população obesa aumentando e a de famintos ficando estável, o que revela que o consumo – e o desperdício – domina os países mais desenvolvidos, chamados de primeiro mundo, e o desenvolvimento, pelo menos no que se relaciona à comida, não chega aos outros espaços do planeta.
O problema não é o da falta de alimentos. O que é produzido, se bem distribuído, seria suficiente para aplacar a fome do planeta. Mas não é. Um exemplo emblemático é o próprio Brasil, hoje um dos maiores produtores agrícolas do mundo, que vende anualmente bilhões em produtos do setor para o mundo, mas que também tem alguns milhões de pessoas passando fome. Em áreas como a África a questão é dramática.
Enquanto isso, nos Estados Unidos e Europa há desperdício. Juntando os lados – desperdício com o uso de alimentos para a produção de combustíveis – talvez estejamos caminhando para um mundo de escassez. E isso já começou com a alta de preços de vários alimentos, com a última manifestação por conta do arroz, alimento básico, inclusive no Brasil.
Com a comida mais cara a tendência é de que o fosso aumente. E que tenhamos, de um lado, mais obesos. E do outro, um número maior de famintos. E isso tende a acontecer mesmo que os alimentos não sejam usados para a produção de combustíveis. Se o forem, o risco fica ainda maior.

Referência bibliográfica:
http://linoresende.jor.br/um-mudo-de-subnutridos-e-obesos

domingo, 22 de agosto de 2010

SOCIOLOGIA

3º Bimestre

Cidadão (Zé Geraldo)


Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas para ir e duas para voltar
Hoje depois dele pronto
Olho para cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E para aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança com o pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que eu deixei o norte
Eu pus a me dizer

Lá a seca castigava mas o pouco eu plantava
Tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena

Tem quemersse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
E eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
Eu também não posso entrar


Educação e movimentos sociais

O que você entende por movimento social? Quantos movimentos sociais você conseguiria listar nesse momento? Todos os dias, podemos ver nos jornais, nas revistas e no nosso cotidiano vários exemplos desse tipo de ação social. Isso mesmo: estamos falando de um tipo de ação social voltada para uma causa e/ou um tema em especial, quase sempre com o objetivo voltada para algum tipo de mudança social. O que move essas pessoas que se engajam em movimentos sociais? O que elas pretendem? Qual seu objetivo?
Os movimentos sociais estão relacionados, de forma muito estrita, a vários problemas sociais, que se constituem em temas de estudo da Sociologia, que busca não só analisá-los mas, sobretudo, colaborar no sentido de buscar caminhos que levem à solução. E é exatamente o desejo de cooperar e /ou exigir soluções para esses problemas que levam também as pessoas participarem dessas ações. Na maioria das vezes não estão vinculados a alguma instituição social e sempre professam algum tipo de ideologia.
A sociedade capitalista é excludente por si só. É próprio do capitalismo a existência dos meios de produção (os burgueses) e aqueles que só tem a sua força de trabalho para vender (o proletariado). Diante disso, se estabelece o conflito e as diferenças entre os homens.
Nesse sentido, pode-se dizer que os movimentos sociais não são necessariamente um produto da ação educativa, muito embora se possa encontrar no meio educacional um terreno fértil para a consolidação e/ou desenvolvimento.

As formas de luta e ação coletiva

No quadro desenhado pela desigualdade e pela injustiça social surgem os movimentos sociais como forma de luta e/ou resistência. Sim, isso mesmo! Movimento social não está necessariamente vinculado apenas a formas de lutas, mas pode ser também uma forma de chamar a atenção para um fato e dar sinais de que não se esquecerá dele. Um bom exemplo dessa situação é o movimento das mães argentinas que perderam seus filhos (que foram mortos ou desapareceram) durante o regime político da ditadura militar, nos anos 1970-1980. Mesmo sabendo que pouca coisa será feita para conseguirem respostas para suas angústias.
Ao longo dos anos se pode ver o quanto as ações coletivas podem ou quase sempre são muito mais eficientes do que a ação individual. São inúmeros os momentos de grande mobilização popular que mudaram a história da humanidade a partir dos resultados que alcançaram. Na maioria das vezes, exprimem um forte sentimento de insatisfação que resulta na organização de pessoas que em outro momento talvez nunca se colocassem umas ao lado das outras.

Alguns tipos de movimentos sociais e a educação

O nível de organização e o grau de violência são alguns dos aspectos que caracterizam os movimentos sociais em geral. Mas um dos fatores que devemos sempre considerar quando falarmos em movimento social é tentar perceber se tem uma ideologia que orienta sua ação. Quando a resposta é negativa, é provável que se esteja tratando de uma manifestação popular momentânea, um protesto contra alguma coisa muito específica e quase sempre emergencial. É o caso, por exemplo, dos moradores de um bairro que vem sofrendo há dias pela falta de água e nenhuma providência é tomada pelos órgãos competentes. Diante do imobilismo do governo, resolvem bloquear as ruas do bairro e atear fogo em pneus. Mas, se depois desse episódio os moradores começarem a conversar e criar associação e, mais à frente, uma associação de moradores da região, aí sim, estaremos falando de um tipo de movimento social. A partir desse momento, o grupo ganha legitimidade para lutar pelos direitos, ao mesmo tempo em que se fortalece. A solidariedade que uniu os moradores será a base de sua ação. Sem uma ideologia comum é muito difícil que um movimento social se mantenha.
Não podemos esquecer que a maioria dos movimentos sociais, aos olhos de quem está vendo o problema de fora, não passava de “agitação”, muitas vezes por não captar a real dimensão das reivindicações do grupo. Entretanto, quase sempre é o momento do despertar da consciência para a luta. Com mais clama e maior racionalidade, começam a pensar como podem atingir seus objetivos.
O sentimento de pertencer a um grupo desperta nos indivíduos um sentimento de lealdade e disciplina que possibilita a continuidade do movimento. Quase todo movimento social tem seus membros efetivos, aqueles que realmente se engajaram na luta, seja formal ou informalmente, e também os chamados “simpatizantes”, que são aquelas pessoas que eventualmente apóiam o grupo, mas não atuam concretamente.
Aos poucos, os movimentos começa elaborar suas táticas (que devem ser eficientes para que não ocorram erros) e desenvolver estratégias de atuação. Podem ser mais ou menos incisivas, mais ou menos democráticas e mais ou menos violentas. Tudo dependerá da meta que venha a ser estabelecida para a ação. No momento, é preciso avançar? Voltar atrás? Ceder? Conforme os objetivos que querem alcançar, os movimentos podem mudar várias vezes sua tática e ir adequando suas estratégias.
Porém, nem todos os movimentos sociais estão voltados à transformação ou para mudança. Há vários movimentos conservadores, Istoé, que desejam que tudo continue como está. Um dos maiores exemplos desse tipo de ação voltada para o conservadorismo é o movimentos dos ruralistas no Brasil, que não desejam que a estrutura de distribuição de terras seja alterada. Desejo que vai contra o maior objetivo do Movimentos dos Trabalhadores Sem-terra, MST, que deseja a reforma agrária, sob o argumento de que só assim se poderá mudar efetivamente a situação de desigualdade social e das disparidades regionais no país.
Podemos citar outros exemplos de movimentos sociais no tais como: o feminismo, movimento hippie, o movimento gay, os movimentos pacifistas, a Klu-klux-klan, o movimento da Tradição, Família e Propriedade (TFP), etc. Todos tem em comum o fato de terem ido buscar na ação coletiva solução para seus problemas e lutar por eles de forma organizada.
A educação se integra aos movimentos sociais primeiramente porque não é mais possível pensar a sociedade sem essa chamada “terceira via” que é exatamente a sociedade civil organizada de alguma forma. Em segundo lugar, mesmo que muitas vezes não surjam da educação sistemática, acabam se refletindo ou se expressando na escola, na forma de debates, seminários e outras

Bibliografia:
- Demeterco, Solange Menezes da Silva. Sociologia da educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2006. 96p.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

OLÁ PESSOAL!

AMANHÃ POSTAREI O TEXTO DE FILOSOFIA.

FILOSOFIA

3º Bimestre

Como fica Deus no pensamento racional filosófico?


Entre a Fé e a Razão


O cristianismo poderia ter se mantido exclusivamente no terreno da fé. Ao contrário da razão, que exige provas e demonstrações, a fé basta a si mesma. Crê-se, e é o suficiente. O cristianismo, porém, não se satisfez com credo. Entrou no terreno da filosofia. Mais do que isso, foi a forma que a filosofia assumiu por mais de um milênio. Em contrapartida, a fé cristã assimilou procedimentos racionais.
Esse encontro, marcado por tensões entre a fé e a razão, iniciou-se no Império Romano, que propiciava a mescla de diversos valores culturais, e prolongou-se por toda a Idade Média, quando a Igreja se tornaria preponderante.
Historicamente, o cristianismo origina-se das pregações de Jesus de Nazaré pela Judéia, então anexada ao Império Romano. Sua mensagem é simples: amar ao próximo, praticar a bondade e desprezar os valores deste mundo, pois a verdadeira morada do homem é o reino dos céus. Jesus se declarava filho de Deus, enviado ao mundo para redimir o homem dos pecados. Sua crucificação seria, nessa medida, o sacrifício do próprio Deus encarnado para salvar os homens.
Após a morte de Jesus (e sua ressurreição, de acordo com o Novo Testamento), essas idéias conquistaram inúmeros adeptos em várias regiões do Império. Nessa difusão - para a qual concorreu o infatigável trabalho dos apóstolos -, a mensagem de Jesus passou a se expressar em vários idiomas, como o grego e, mais tarde, o latim. O próprio termo “Cristo”, incorporado ao nome de Jesus, é de origem grega e significa “ungido”

A filosofia, um “erro vazio”

A difusão do cristianismo trouxe, como era de esperar, um confronto entre a fé e a razão. O apostolo Paulo (século I) é o primeiro a enfrentar essa questão. Ele estava habilitado para isso: judeu, mas cidadão romano, educou-se num ambiente imerso na cultura helenística . Por isso, não se intimidou quando, em Atenas, viu-se diante de “filósofos epicureus e estóicos”, como narra o livro Atos, do Novo Testamento: “Atenienses, tudo indica que sois de uma religiosidade sem igual. (...) Encontrei inclusive um altar com a inscrição: ‘Ao deus desconhecido’. Pois bem! Justamente aqui estou para vos anunciar este Deus que adorais sem conhecer. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe (...)”.
Mas, quando Paulo entrou no terreno cristão, os atenienses não o compreenderam. A idéia de que Deus enviara um homem para julgar o mundo, e que, como prova disso, ressuscitara esse mesmo homem entre os mortos, provocou risos. Paulo foi obrigado a retirar-se, embora o relato também afirme que ele conquistou alguns fiéis.
Outra é a atitude do apóstolo na Primeira Carta aos Coríntios. Em vez de empregar os argumentos dos adversários – como havia feito com os atenienses –, Paulo parte para o confronto direito: “Onde está o sábio? Onde o letrado? Onde o pesquisador das coisas desse mundo? Não é verdade que Deus mudou a sabedoria do mundo em falta de bom senso? (...) Pois a loucura de Deus é mais sábia que os homens (...). Anunciamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta (...)”.
Por fim, quando utiliza deliberadamente a palavra “filosofia”, não deixa nenhuma margem de dúvida: “Ficai atentos, para que ninguém vos arme uma cilada com a filosofia, esse erro vazio que segue a tradição dos homens e os elementos do mundo, e não segue Cristo” (Carta aos Colossenses).
As duas atitudes de Paulo – a de converter os gregos, conciliando-se com seus valores, e a de confronto – coexistem nesse período inicial do cristianismo. De modo geral, o confronto corresponde a períodos em que os cristãos sofrem violenta perseguição, enquanto a conciliação representa os momentos em que o cristianismo é tolerado. É o que fazem os padres apologistas, que, no final do século II, enviam inúmeras apologias (defesa e justificação) do cristianismo ao imperador. Argumentam com valores greco-romanos, afirmando, por exemplo, que Heráclito e Sócrates eram cristãos antes mesmo de Cristo.

1 A chamada cultura helenística é simplesmente a expressão de três linhas mestras de pensamento: a primeira, é o estoicismo que tinha como um dos principais fundamentos o culto pela apatia, condenação às emoções, a exaltação da razão divina como aquela capaz de reger o mundo, entre outras; a segunda: o epicurismo, que tinha na sensação o critério de verdade do bem (prazer), o atomismo que explicava a formação e a transformação das coisas por meio da união e da separação dos átomos e por útlimo o semia-ateísmo, pelo qual Epicuro (filósofo e fundador da escola epicurista) acreditava na existência dos deuses, que, no entanto, não desempenhavam papel nenhum na formação e no governo do mundo. O último é o ceticismo, que é não acreditar em nada que seja realmente comprovado.

Do ponto de vista teórico, ambas a situações são viáveis. De um lado, a idéia cristã de Deus que se fez homem e que se deixou crucificar é um escândalo não só para as religiões pagãs, mas sobretudo para a filosofia, que havia construído a noção de um Deus abstrato, indiferente ao mundo, ou, no melhor dos casos, coincidente com o próprio mundo. Para a filosofia, é absurda a idéia de um Deus que ama o homem e que se sacrifica por ele. Assim, o cristianismo só pode combater a filosofia.
Por outro lado, porém, a conciliação é possível. Pois o Evangelho Segundo São João não se inicia com a célebre frase: “No princípio era o Verbo”? E o que é o verbo senão o logos? Há inúmeros outros pontos em comum entre a filosofia e o cristianismo, principalmente no uso de certas palavras – ainda que fosse freqüente a adulteração de vocábulos, na tradição da Bíblia do hebraico para o grego. O esforço dos padres – muitos eram filósofos antes da conversão – dirige-se no sentido de tecer, a partir desses pontos de contato, um pensamento que acomode o cristianismo e a tradição filosófica, a fé e a razão. Ao mesmo tempo, vários filósofos também passaram a incorporar elementos bíblicos na elaboração de seu pensamento.
O mais destacado dos padres apologistas é Clemente de Alexandria (c. 150-215), que introduz uma série de termos gregos (e portanto filosóficos) na linguagem cristã. Dentre eles está a palavra gnosis (conhecimento), que indicaria a perfeição do cristianismo.
Mas isso logo se revelou uma faca de dois gumes: a palavra gnosis, incorporada ao cristianismo, deu asas ao gnosticismo, uma seita secreta e esotérica. O gnosticismo logo ultrapassaria os limites do cristianismo, afirmando possuir o conhecimento dos mistérios divinos. A Igreja, cada vez mais institucionalizada, acabaria achando um meio de combater essas pretensões de um conhecimento superior, acima da fé.

domingo, 20 de junho de 2010

SEGUNDO BIMESTRE


Olá, galera!

Aí vão os textos para a prova! É muito importante que todos leiam e deixem seus comentários!

Abraços,

Luciano.

O que é política?

Este é um tema bastante profundo e importante para discutirmos coletivamente. Vivemos hoje em um momento em que a política é questionada e desprezada, pois ela, muitas vezes, é confundida com as ações de alguns maus políticos.

Mas, afinal, O que é política?

O termo política é derivado do grego antigo e se refere a todos os procedimentos relativos à pólis, à Cidade-estado. Na Grécia antiga, em cidades como Atenas, os cidadãos livres participavam das assembléias para discutirem os problemas comuns a todos e tomavam decisões com o objetivo de solucioná-los.
Baseado nesta experiência, Aristóteles, um dos maiores sábios gregos, dizia que política é a ciência e a arte do bem comum. Para ele a cidade deveria ser governada em proveito de todos, e não apenas em proveito dos governantes ou de alguns grupos.

Segundo o filósofo, a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em duas partes: a ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na Cidade-Estado, ou pólis), e a política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva). Dizia Aristóteles:

"Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras, tem mais que todas, este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política" (Pol., 1252a).

Tomás de Aquino, filósofo medieval, dizia que política é a arte de governar os homens e administrar as coisas, visando o bem comum, de acordo com as normas da reta razão. Para Nicolau Maquiavel, em O Príncipe, política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo.

Segundo a autora Hannah Arendt, filósofa alemã (1906-1975), política "trata-se da convivência entre diferentes", pois "baseia-se na pluralidade dos homens". Segundo nos informa, a idéia de política e de coisa pública surge pela primeira vez na polis grega, mais especificamente em Atenas, considerada o berço da democracia. O conceito está intimamente ligado à idéia de liberdade que, para o grego, era a própria razão de viver.

Utilizando o conceito grego de política, Arendt nos diz que a política deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais. Para os antigos gregos, não havia distinção entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem de agir em público, que era o local próprio do político.

A filósofa diz ainda:

"A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa (imprescindível) para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo maior para a sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo".

Para ela, a tarefa da política está diretamente relacionada com a busca pela felicidade.

Podemos afirmar que o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossa ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem conseqüências e somos responsáveis por nossa ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós. Devido à desinformação ou desilusão relacionadas às suas expectativas, muitas pessoas dizem categoricamente que não gostam de política. Essas pessoas, não têm idéia do prejuízo que estão gerando para si mesmas e para o grupo social. Seria importante que todos compreendessem que seu desinteresse equivale a renunciar à cidadania.

Platão, o filósofo grego, discípulo de Sócrates dizia: - Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.

Nossa ação política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com nossa família, nos relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos parte integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou trabalhar como voluntários em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político, precisamos conhecer melhor propostas, discursos e ações dos políticos que nos representam.

Não podemos pensar que política é somente o ato de votar ou aquilo que influencia um grande número de pessoas. Estamos fazendo política quando exigimos nossos direitos de consumidor, quando nos indignamos ao vermos nossas crianças fora das escolas sendo massacradas nas ruas. Conhecemos o Estatuto da Criança e do Adolescente? Ou o Código do Consumidor? A nossa Constituição? Respeitamos as leis de trânsito?

A política está presente cotidianamente em nossa vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com de milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que, se somarmos, constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.

Para atuar politicamente e, assim, influenciar o poder, cada cidadão e cidadã deve se conscientizar, informar-se, ouvir, ler, falar, debater, estudar e procurar formar sua opinião sobre os diferentes problemas. Com consciência política estaremos preparados para votar, fazer sugestões, acompanhar os trabalhos dos nossos parlamentares, exigir e reagir quando for necessário.


O ANALFABETO POLÍTICO - textos preferidos

"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.

Privatizado, privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.

Bertolt Brecht. Antologia Poética de Bertolt Brecht

FONTE: http://www.culturabrasil.org/brechtantologia.htm#O%20Analfabeto%20Político



Cidadania

Cristiane Rozicki (adaptado)

Cidadania, palavra derivada de cidade, estudada por Aristóteles, é melhor compreendida se pensarmos a cidade como o Estado. Desse modo entendida a cidadania, é possível dizer que, todo cidadão que integra a sociedade pluralista do Estado democrático, é senhor do exercício da cidadania, a qual, em síntese, é vocábulo que expressa um extenso conjunto de direitos e de deveres.

Em sua acepção ampla, cidadania constitui o fundamento da primordial finalidade daquele Estado, que é possibilitar aos indivíduos habitantes de um país o seu pleno desenvolvimento através do alcance de uma igual dignidade social e econômica. Assim, a palavra cidadania está intimamente ligada aos conceitos de igualdade e democracia e, portanto, à necessidade da eliminação de disparidades, discriminações e do incentivo à participação popular nas decisões do governo.


Política é cidadania

Mario Sergio Cortella

Existe uma tendência a excluir a relação direta entre política e cidadania, criando uma rejeição curiosa à política e valorizando cidadania, como se fossem termos diversos. Há um vínculo inclusive de natureza semântica entre as duas palavras, que, objetivamente, significam a mesma coisa.

A noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se baseia em um vocábulo latino correspondente, civitatem. Embora a origem etimológica seja diferente, os dois termos propõem que se pense na ação da vida em sociedade (ou seja, em cidade). Isso significa que não é possível apartar ou separar os conceitos.

Hoje, encontramos uma série de discursos, lemas e planos pedagógicos e governamentais que falam em cidadania como se ela fosse uma dimensão superior à política. Muito se diz que a tarefa da escola é a promoção da cidadania, sem interferência da política. Não se menciona o conceito de política, como se ele fosse estranho ao trabalho educacional; com isso, pretende-se dar à cidadania um ar de idéia nobre, honesta, de valor positivo. Sob essa ótica, política é sinônimo de sujeira, patifaria, corrupção. Claro que não é assim.

Ambas as palavras e ações se identificam. É preciso recusar a recusa do termo política no espaço educacional! Ainda temos essa rejeição ao conceito, como se ele pertencesse a uma área menos significativa e menos decente que a cidadania. Ora, não se deve temer a identidade dos conceitos, pois só assim é possível construir cidadania, no sentido político do termo: bem comum, igualdade social e dignidade coletiva.

Assim, é necessário debater a política e isso é debater a cidadania. Falar em política envolve também os partidos, mas não se esgota neles. É toda e qualquer ação em sociedade, portanto, toda e qualquer ação em família, em instituições religiosas e sociais, no mundo das relações de trabalho.

Num momento em que nosso país caminha para um revigoramento do processo democrático, não é aceitável – porque poderá ganhar um ar conservador e até reacionário – admitir que é princípio da escola "não meter-se em política". Ao contrário, é porque se meterá em política que a cidadania se reinventa. Porém, não é tarefa da escola a promoção da política partidária, porque partido ou é uma questão de foro íntimo ou deve se dar nos seus espaços próprios. É imprescindível levar esse tema para o debate no projeto pedagógico da escola, sem assumir um viés partidário e sem, porém, invisibilizar o conhecimento das múltiplas posturas.

Há uma diferença entre partidarizar e politizar. Mas a política, no sentido amplo de cuidar da vida coletiva e da sociedade, é sim obrigação escolar e componente essencial do currículo. Não pode a escola furtar-se ao mundo da política, porque isso implicaria diretamente na impossibilidade da cidadania.

Mario Sergio Cortella é Professor de pós-graduação em educação (Currículo) da PUC-SP.