domingo, 22 de agosto de 2010

SOCIOLOGIA

3º Bimestre

Cidadão (Zé Geraldo)


Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas para ir e duas para voltar
Hoje depois dele pronto
Olho para cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E para aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança com o pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que eu deixei o norte
Eu pus a me dizer

Lá a seca castigava mas o pouco eu plantava
Tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena

Tem quemersse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
E eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
Eu também não posso entrar


Educação e movimentos sociais

O que você entende por movimento social? Quantos movimentos sociais você conseguiria listar nesse momento? Todos os dias, podemos ver nos jornais, nas revistas e no nosso cotidiano vários exemplos desse tipo de ação social. Isso mesmo: estamos falando de um tipo de ação social voltada para uma causa e/ou um tema em especial, quase sempre com o objetivo voltada para algum tipo de mudança social. O que move essas pessoas que se engajam em movimentos sociais? O que elas pretendem? Qual seu objetivo?
Os movimentos sociais estão relacionados, de forma muito estrita, a vários problemas sociais, que se constituem em temas de estudo da Sociologia, que busca não só analisá-los mas, sobretudo, colaborar no sentido de buscar caminhos que levem à solução. E é exatamente o desejo de cooperar e /ou exigir soluções para esses problemas que levam também as pessoas participarem dessas ações. Na maioria das vezes não estão vinculados a alguma instituição social e sempre professam algum tipo de ideologia.
A sociedade capitalista é excludente por si só. É próprio do capitalismo a existência dos meios de produção (os burgueses) e aqueles que só tem a sua força de trabalho para vender (o proletariado). Diante disso, se estabelece o conflito e as diferenças entre os homens.
Nesse sentido, pode-se dizer que os movimentos sociais não são necessariamente um produto da ação educativa, muito embora se possa encontrar no meio educacional um terreno fértil para a consolidação e/ou desenvolvimento.

As formas de luta e ação coletiva

No quadro desenhado pela desigualdade e pela injustiça social surgem os movimentos sociais como forma de luta e/ou resistência. Sim, isso mesmo! Movimento social não está necessariamente vinculado apenas a formas de lutas, mas pode ser também uma forma de chamar a atenção para um fato e dar sinais de que não se esquecerá dele. Um bom exemplo dessa situação é o movimento das mães argentinas que perderam seus filhos (que foram mortos ou desapareceram) durante o regime político da ditadura militar, nos anos 1970-1980. Mesmo sabendo que pouca coisa será feita para conseguirem respostas para suas angústias.
Ao longo dos anos se pode ver o quanto as ações coletivas podem ou quase sempre são muito mais eficientes do que a ação individual. São inúmeros os momentos de grande mobilização popular que mudaram a história da humanidade a partir dos resultados que alcançaram. Na maioria das vezes, exprimem um forte sentimento de insatisfação que resulta na organização de pessoas que em outro momento talvez nunca se colocassem umas ao lado das outras.

Alguns tipos de movimentos sociais e a educação

O nível de organização e o grau de violência são alguns dos aspectos que caracterizam os movimentos sociais em geral. Mas um dos fatores que devemos sempre considerar quando falarmos em movimento social é tentar perceber se tem uma ideologia que orienta sua ação. Quando a resposta é negativa, é provável que se esteja tratando de uma manifestação popular momentânea, um protesto contra alguma coisa muito específica e quase sempre emergencial. É o caso, por exemplo, dos moradores de um bairro que vem sofrendo há dias pela falta de água e nenhuma providência é tomada pelos órgãos competentes. Diante do imobilismo do governo, resolvem bloquear as ruas do bairro e atear fogo em pneus. Mas, se depois desse episódio os moradores começarem a conversar e criar associação e, mais à frente, uma associação de moradores da região, aí sim, estaremos falando de um tipo de movimento social. A partir desse momento, o grupo ganha legitimidade para lutar pelos direitos, ao mesmo tempo em que se fortalece. A solidariedade que uniu os moradores será a base de sua ação. Sem uma ideologia comum é muito difícil que um movimento social se mantenha.
Não podemos esquecer que a maioria dos movimentos sociais, aos olhos de quem está vendo o problema de fora, não passava de “agitação”, muitas vezes por não captar a real dimensão das reivindicações do grupo. Entretanto, quase sempre é o momento do despertar da consciência para a luta. Com mais clama e maior racionalidade, começam a pensar como podem atingir seus objetivos.
O sentimento de pertencer a um grupo desperta nos indivíduos um sentimento de lealdade e disciplina que possibilita a continuidade do movimento. Quase todo movimento social tem seus membros efetivos, aqueles que realmente se engajaram na luta, seja formal ou informalmente, e também os chamados “simpatizantes”, que são aquelas pessoas que eventualmente apóiam o grupo, mas não atuam concretamente.
Aos poucos, os movimentos começa elaborar suas táticas (que devem ser eficientes para que não ocorram erros) e desenvolver estratégias de atuação. Podem ser mais ou menos incisivas, mais ou menos democráticas e mais ou menos violentas. Tudo dependerá da meta que venha a ser estabelecida para a ação. No momento, é preciso avançar? Voltar atrás? Ceder? Conforme os objetivos que querem alcançar, os movimentos podem mudar várias vezes sua tática e ir adequando suas estratégias.
Porém, nem todos os movimentos sociais estão voltados à transformação ou para mudança. Há vários movimentos conservadores, Istoé, que desejam que tudo continue como está. Um dos maiores exemplos desse tipo de ação voltada para o conservadorismo é o movimentos dos ruralistas no Brasil, que não desejam que a estrutura de distribuição de terras seja alterada. Desejo que vai contra o maior objetivo do Movimentos dos Trabalhadores Sem-terra, MST, que deseja a reforma agrária, sob o argumento de que só assim se poderá mudar efetivamente a situação de desigualdade social e das disparidades regionais no país.
Podemos citar outros exemplos de movimentos sociais no tais como: o feminismo, movimento hippie, o movimento gay, os movimentos pacifistas, a Klu-klux-klan, o movimento da Tradição, Família e Propriedade (TFP), etc. Todos tem em comum o fato de terem ido buscar na ação coletiva solução para seus problemas e lutar por eles de forma organizada.
A educação se integra aos movimentos sociais primeiramente porque não é mais possível pensar a sociedade sem essa chamada “terceira via” que é exatamente a sociedade civil organizada de alguma forma. Em segundo lugar, mesmo que muitas vezes não surjam da educação sistemática, acabam se refletindo ou se expressando na escola, na forma de debates, seminários e outras

Bibliografia:
- Demeterco, Solange Menezes da Silva. Sociologia da educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2006. 96p.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

OLÁ PESSOAL!

AMANHÃ POSTAREI O TEXTO DE FILOSOFIA.

FILOSOFIA

3º Bimestre

Como fica Deus no pensamento racional filosófico?


Entre a Fé e a Razão


O cristianismo poderia ter se mantido exclusivamente no terreno da fé. Ao contrário da razão, que exige provas e demonstrações, a fé basta a si mesma. Crê-se, e é o suficiente. O cristianismo, porém, não se satisfez com credo. Entrou no terreno da filosofia. Mais do que isso, foi a forma que a filosofia assumiu por mais de um milênio. Em contrapartida, a fé cristã assimilou procedimentos racionais.
Esse encontro, marcado por tensões entre a fé e a razão, iniciou-se no Império Romano, que propiciava a mescla de diversos valores culturais, e prolongou-se por toda a Idade Média, quando a Igreja se tornaria preponderante.
Historicamente, o cristianismo origina-se das pregações de Jesus de Nazaré pela Judéia, então anexada ao Império Romano. Sua mensagem é simples: amar ao próximo, praticar a bondade e desprezar os valores deste mundo, pois a verdadeira morada do homem é o reino dos céus. Jesus se declarava filho de Deus, enviado ao mundo para redimir o homem dos pecados. Sua crucificação seria, nessa medida, o sacrifício do próprio Deus encarnado para salvar os homens.
Após a morte de Jesus (e sua ressurreição, de acordo com o Novo Testamento), essas idéias conquistaram inúmeros adeptos em várias regiões do Império. Nessa difusão - para a qual concorreu o infatigável trabalho dos apóstolos -, a mensagem de Jesus passou a se expressar em vários idiomas, como o grego e, mais tarde, o latim. O próprio termo “Cristo”, incorporado ao nome de Jesus, é de origem grega e significa “ungido”

A filosofia, um “erro vazio”

A difusão do cristianismo trouxe, como era de esperar, um confronto entre a fé e a razão. O apostolo Paulo (século I) é o primeiro a enfrentar essa questão. Ele estava habilitado para isso: judeu, mas cidadão romano, educou-se num ambiente imerso na cultura helenística . Por isso, não se intimidou quando, em Atenas, viu-se diante de “filósofos epicureus e estóicos”, como narra o livro Atos, do Novo Testamento: “Atenienses, tudo indica que sois de uma religiosidade sem igual. (...) Encontrei inclusive um altar com a inscrição: ‘Ao deus desconhecido’. Pois bem! Justamente aqui estou para vos anunciar este Deus que adorais sem conhecer. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe (...)”.
Mas, quando Paulo entrou no terreno cristão, os atenienses não o compreenderam. A idéia de que Deus enviara um homem para julgar o mundo, e que, como prova disso, ressuscitara esse mesmo homem entre os mortos, provocou risos. Paulo foi obrigado a retirar-se, embora o relato também afirme que ele conquistou alguns fiéis.
Outra é a atitude do apóstolo na Primeira Carta aos Coríntios. Em vez de empregar os argumentos dos adversários – como havia feito com os atenienses –, Paulo parte para o confronto direito: “Onde está o sábio? Onde o letrado? Onde o pesquisador das coisas desse mundo? Não é verdade que Deus mudou a sabedoria do mundo em falta de bom senso? (...) Pois a loucura de Deus é mais sábia que os homens (...). Anunciamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta (...)”.
Por fim, quando utiliza deliberadamente a palavra “filosofia”, não deixa nenhuma margem de dúvida: “Ficai atentos, para que ninguém vos arme uma cilada com a filosofia, esse erro vazio que segue a tradição dos homens e os elementos do mundo, e não segue Cristo” (Carta aos Colossenses).
As duas atitudes de Paulo – a de converter os gregos, conciliando-se com seus valores, e a de confronto – coexistem nesse período inicial do cristianismo. De modo geral, o confronto corresponde a períodos em que os cristãos sofrem violenta perseguição, enquanto a conciliação representa os momentos em que o cristianismo é tolerado. É o que fazem os padres apologistas, que, no final do século II, enviam inúmeras apologias (defesa e justificação) do cristianismo ao imperador. Argumentam com valores greco-romanos, afirmando, por exemplo, que Heráclito e Sócrates eram cristãos antes mesmo de Cristo.

1 A chamada cultura helenística é simplesmente a expressão de três linhas mestras de pensamento: a primeira, é o estoicismo que tinha como um dos principais fundamentos o culto pela apatia, condenação às emoções, a exaltação da razão divina como aquela capaz de reger o mundo, entre outras; a segunda: o epicurismo, que tinha na sensação o critério de verdade do bem (prazer), o atomismo que explicava a formação e a transformação das coisas por meio da união e da separação dos átomos e por útlimo o semia-ateísmo, pelo qual Epicuro (filósofo e fundador da escola epicurista) acreditava na existência dos deuses, que, no entanto, não desempenhavam papel nenhum na formação e no governo do mundo. O último é o ceticismo, que é não acreditar em nada que seja realmente comprovado.

Do ponto de vista teórico, ambas a situações são viáveis. De um lado, a idéia cristã de Deus que se fez homem e que se deixou crucificar é um escândalo não só para as religiões pagãs, mas sobretudo para a filosofia, que havia construído a noção de um Deus abstrato, indiferente ao mundo, ou, no melhor dos casos, coincidente com o próprio mundo. Para a filosofia, é absurda a idéia de um Deus que ama o homem e que se sacrifica por ele. Assim, o cristianismo só pode combater a filosofia.
Por outro lado, porém, a conciliação é possível. Pois o Evangelho Segundo São João não se inicia com a célebre frase: “No princípio era o Verbo”? E o que é o verbo senão o logos? Há inúmeros outros pontos em comum entre a filosofia e o cristianismo, principalmente no uso de certas palavras – ainda que fosse freqüente a adulteração de vocábulos, na tradição da Bíblia do hebraico para o grego. O esforço dos padres – muitos eram filósofos antes da conversão – dirige-se no sentido de tecer, a partir desses pontos de contato, um pensamento que acomode o cristianismo e a tradição filosófica, a fé e a razão. Ao mesmo tempo, vários filósofos também passaram a incorporar elementos bíblicos na elaboração de seu pensamento.
O mais destacado dos padres apologistas é Clemente de Alexandria (c. 150-215), que introduz uma série de termos gregos (e portanto filosóficos) na linguagem cristã. Dentre eles está a palavra gnosis (conhecimento), que indicaria a perfeição do cristianismo.
Mas isso logo se revelou uma faca de dois gumes: a palavra gnosis, incorporada ao cristianismo, deu asas ao gnosticismo, uma seita secreta e esotérica. O gnosticismo logo ultrapassaria os limites do cristianismo, afirmando possuir o conhecimento dos mistérios divinos. A Igreja, cada vez mais institucionalizada, acabaria achando um meio de combater essas pretensões de um conhecimento superior, acima da fé.